BRASIL - UPA EM STEEL FRAME

Administrações públicas adotam estrutura metálica para reduzir, à metade, prazo de construção de Unidades de Pronto Atendimento. Conheça a tecnologia.
Por Maryana Giribola
 Construção rápida da UPA de Registro (SP) com estrutura
em steel frame e cobertura vedada por telhas termoisolantes
Uma das soluções modulares adotadas por prefeituras e governos para acelerar a construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) é o steel frame, sistema construtivo composto por perfis leves de aço galvanizado que, em conjunto com placas estruturais, formam a estrutura (paredes, vigas, vergas etc.) de uma construção.
De acordo com o departamento de manutenção e obras da secretaria de obras de Santo André (SP), a tecnologia possibilita edificar uma unidade em até seis meses, enquanto uma obra convencional levaria em média um ano para ser concluída.
A Gtec, especializada em obras em steel frame, já participou de nove projetos de UPAs desse tipo em Mauá, Registro e Santo André, municípios do Estado de São Paulo. Para Frederico Chiattone, engenheiro da empresa, a limpeza da construção com steel frame (por ser seca, produz pouco entulho no canteiro) e a possibilidade de se atingir bons desempenhos térmico e acústico - importantes para unidades hospitalares - somam-se aos principais motivadores à especificação do sistema.
O receio fica por conta do fator custo, mas essa suspeita nem sempre é confirmada. Muitas vezes, como o sistema impõe a racionalização de materiais e serviços, os custos da construção de uma UPA com estrutura metálica empatam com os observados em uma obra estruturada em concreto. "Atualmente, 60% do custo da obra corresponde à mão de obra. Por isso, o steel frame, comparado às estruturas convencionais, pode ser até mais vantajoso financeiramente", ressalta o arquiteto Alexandre Mariutti, diretor da Construtora Sequência.
A competitividade do steel frame é favorecida também quando há uma fábrica de pré-montagem próxima à obra e quando as peças são montadas em grande escala e com os mesmos padrões fora do canteiro.
Características técnicas
Em Unidades de Pronto Atendimento estruturadas com steel frame, o radier, fundação rasa de concreto armado, é a solução mais utilizada. Quando bem executado e nivelado, o radier dispensa contrapiso, podendo receber diretamente o revestimento.
Para o fechamento das estruturas, podem ser utilizadas placas cimentícias ou Oriented Strand Board (OSB). As duas soluções têm custos aproximados. A vantagem da utilização de placas OSB, entretanto, é que elas auxiliam no contraventamento da estrutura. Sobre a placa, é colocada uma membrana para formar uma barreira contra umidade e vapor, e ainda uma tela sobre essa manta antes da projeção da argamassa.
Já a placa cimentícia tem como vantagens peso reduzido, menor espessura, compatibilidade modular, resistência a impactos e impermeabilidade, além da possibilidade de receber inúmeros revestimentos diretamente. No entanto, o fechamento com esse tipo de placa demanda maior número de contraventamentos.
Mariutti destaca a importância de fazer, entre o fechamento interno e externo da estrutura, o isolamento térmico e acústico. De acordo com o arquiteto, apenas 25% das construções que utilizam steel frame contam com isolamento entre as placas de fechamento. "Se essa medida não for adotada na obra, obtém-se um 'meio sistema'. O nível de ruído que passa entre as paredes é muito grande", alerta. Os materiais que podem ser utilizados nesse caso são as mantas de lã de rocha, lãs de vidro ou painéis de espuma rígida de poliestireno (EPS).
A separação entre os pavimentos internos pode ser feita com lajes secas ou em steel deck, compostas por telha de aço galvanizado e uma camada de concreto. Internamente, os revestimentos geralmente são feitos com placas de gesso acartonado (drywall), bem como os forros. Essa tecnologia garantiria maior desempenho de isolamento termoacústico para as unidades, segundo o Maiutti.
A construtora Gtec costuma utilizar, para esse tipo de projeto, coberturas com telhas termoisolantes, que viabilizam ambientes internos climatizados e reduzem os custos de energia com ar-condicionado. Além disso, essas telhas têm boas características de estanqueidade, impedindo vazamentos que possam comprometer o drywall num curto período de tempo.
 
DOCUMENTAÇÃO PARA FINANCIAMENTO
Para avaliar a proposta de financiamento à construção de UPA, o Ministério da Saúde exige a apresentação do projeto arquitetônico da unidade, de acordo com as seguintes orientações:
I. Um jogo de plantas com desenho dentro do padrão NBR-6492 da ABNT, com plantas baixas, cortes e fachadas em escalas não menores que 1/100; Denominações dos ambientes, dimensões dos compartimentos, locação de louças sanitárias e bancadas, locação dos equipamentos de infraestrutura, indicações de cortes, elevações, ampliações e detalhes, sempre com especificação clara dos respectivos materiais de execução e acabamento por ambiente.
II. Em caso de reforma, o projeto deverá conter legenda demolir/construir/existente, além de planta baixa de toda a área existente. Em casos de plantas monocromáticas, a representação com diferenciação de texturas nas áreas a serem demolidas, construídas e mantidas.
III. O endereço completo da unidade e a cópia do registro cartorial do terreno.
IV. Memorial descritivo com os serviços executados e a executar, sendo necessário relacionar os processos construtivos, a especificação dos materiais e os equipamentos empregados na execução da obra.
V. Parecer técnico da vigilância sanitária municipal ou estadual de acordo com Resolução RDC/ANVISA no 189, de 18 de julho de 2003.
As normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde podem ser encontradas no seguinte endereço eletrônico:



 

Perfis sobre fundação de radier e estrutura montada na UPA
construída no bairro de Sacadura Cabral, em Santo André (SP)

Verba para UPAs
Os recursos disponibilizados pelo Ministério da Saúde (MS) para materiais, construção, mobiliário e equipamentos das UPAs variam de acordo com o porte da unidade. A mesma regra vale para o repasse que o MS faz mensalmente para o custeio das unidades. Veja os valores nos boxes abaixo:
PARA CONSTRUÇÃO OU REFORMA
UNIDADE DE
PRONTO ATENDIMENTO
POPULAÇÃO DA REGIÃO DE COBERTURAÁREA FÍSICA DA UPARECURSO DISPONÍVEL
Porte I50 mil a 100 mil habitantes700 m²R$ 1,4 mi
Porte II100.001 a 200 mi habitantes1.000 m²R$ 2 mi
Porte III200.001 a 300 mil habitante1.300 m²R$ 2,6 mi

PARA CUSTEIO MENSAL
UPA Porte IR$ 100 mil
UPA Porte IIR$ 175 mil
UPA Porte IIIR$ 250 mil




O que mais costuma variar entre os projetos são os materiais de acabamento. "Cada secretaria de saúde tem suas peculiaridades. Da estrutura à cobertura, muda pouco. Mas para acabamento de pisos, paredes e tetos, depende muito do projeto", relata Chiattone.

Nesse caso, devem ser respeitadas as diretrizes do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) no 50/2002, da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa). Os materiais para revestimento de paredes, pisos internos e tetos devem ser resistentes à lavagem e ao uso de desinfetantes. Os acabamentos devem fazer com que as superfícies tenham o menor número possível de ranhuras ou frestas.
Edital de licitação
Não há normas específicas ou indicações obrigatórias a constarem no edital de UPA em steel frame. Para contratação deste tipo de obra, o documento, em geral, segue o mesmo modelo adotado para unidades executadas com outros tipos de estrutura. Segundo o departamento de manutenção e obras da secretaria de obras de Santo André, ainda que seja recomendável, as licitações não exigem que a contratada seja especializada em obras com steel frame.

Assim, as orientações técnicas para o planejamento arquitetônico das UPAs devem respeitar as normas preconizadas no RDC no 50/2002 da Anvisa. Os condicionantes para acessibilidade em edifícios públicos, definidos na NBR 9050/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), bem como a legislação estadual aplicável, também devem ser obedecidos.

O projeto arquitetônico deve ser elaborado de acordo com a portaria 1.020 do Ministério da Saúde, que determina as áreas mínimas para cada tipo de ambiente da UPA. As unidades podem ser de porte I, II ou III, variando de acordo com a população do entorno (veja detalhes no boxe).

As normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde podem ser encontradas no seguinte endereço eletrônico: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/arq/index.htm
 
Luiz Valzenir
Engenheiro Civil






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